Do que as mulheres gostam?
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Do que as mulheres gostam?


mulheres em um festival se divertindo

Você provavelmente já ouviu falar do filme com Mel Gibson e Helen Hunt de título homônimo ao do texto. Nesse filme, Nick Marshall (Mel Gibson) é um publicitário que tenta entender como as mulheres pensam para poder oferecer produtos ao público feminino. Depois de uma série de experiências desastradas e de um acidente estúpido na banheira de casa, ele passa a ter a habilidade de ler a mente das mulheres e acaba tendo sucesso com seus clientes e, consequentemente, com sua chefe, Darcy Maguire (Helen Hunt). Aos poucos, ele começa a conhecer melhor a intimidade das mulheres e muda a forma de enxerga-las, de forma a transformar seu comportamento. Ele:

Escuta, aprende e transforma o comportamento

E o que as empresas querem?


Por favor não tente repetir a experiência de Nick Marshall na banheira de sua casa, pois ela pode ser prejudicial à saúde e não trazer retorno nenhum! Talvez um pescoço quebrado... Há uma forma mais fácil de entender o que as empresas querem.


Todos os dias eu recebo alguma mensagem sobre a demanda de profissionais ESG, pelas empresas. Como se ESG fosse uma profissão, mas enfim... isso é papo para um outro dia.


Ontem eu recebi um artigo do Jornal Folha de São Paulo, intitulado “Empresas procuram profissionais que possam ensinar o que é ESG”. Então, eu decidi fazer um exercício sobre “o que as empresas realmente querem”, e apliquei a velha e boa ferramenta do 5W2H (neste caso eu utilizei 4Ws e um H pois não me preocupei com quem (Who) e nem com os custos (how much) pois não era esse o objetivo do exercício).


empresas desejam profissionais ESG

Então, o que as empresas realmente querem é possuir bons indicadores ESG

Simples assim!


Porém, a arte acima nos mostra que há um caminho a seguir que passa pelo entendimento do que é sustentabilidade e de que forma práticas sustentáveis podem ser adotadas pelas empresas. Neste sentido, o primeiro passo é entender que sustentabilidade e ESG são coisas diferentes.


Especialistas de empresas como a Sustain.Life, a KPMG, o Ishares (uma família de fundos negociados em bolsa de propriedade da BlackRock), entre outras, tratam o ESG como um conjunto de indicadores utilizados para medir práticas sustentáveis da empresa. Os critérios ESG englobam um conjunto de indicadores ambientais, sociais e de governança.


Os indicadores servem para medir o que está sendo realizado, a fim de verificar se estamos no caminho correto para atingir os nossos objetivos.

O termo sustentabilidade corporativa, por sua vez, considera os resultados da empresa em ações sociais, ambientais e na geração de valor para o acionista (econômicos). Na prática, a sustentabilidade do negócio consiste em gerenciar o "triple bottom line", certo?


Só que não!


O termo sustentabilidade corporativa inclui a tomada de decisões que leva em consideração riscos, obrigações e oportunidades financeiras, sociais e ambientais além das fronteiras da empresa. Ou seja, vai além da mera contabilização dos impactos ambientais e sociais nos relatórios corporativos. Negócios sustentáveis são resilientes e criam valor econômico, ecossistemas saudáveis e comunidades fortes. Negócios sustentáveis sobrevivem a longo prazo porque estão intimamente ligados a sistemas econômicos, sociais e ambientais saudáveis. Estamos falando da continuidade da empresa no longo prazo.


De qualquer forma, tanto o ESG como a Sustentabilidade Corporativa envolvem a adoção de algumas práticas e de uma cultura organizacional preocupada com causas sociais e ambientais.


Cultura e prática sustentáveis são condições sine qua non para a obtenção de bons indicadores ESG


O conhecimento sobre o que é sustentabilidade e indicadores ESG é muito fácil de ser obtido. Há uma série de cursos no mercado, de maior ou menor profundidade, que oferecem um know how atual e percepções práticas sobre a sustentabilidade e os critérios ESG. Estes cursos com certeza auxiliarão na implementação de boas práticas.


Contudo, é preciso considerar que, da mesma forma como acontece com a Gestão da Qualidade (TQM), a sustentabilidade é uma prática de longo prazo em que busca-se a melhoria contínua. Então, ferramentas da TQM como o ciclo de PDCA (Plan, Do, Check e Act), 5W2H, Diagrama Ishikawa, Diagrama de Pareto, por exemplo, são bem vindas.


  • Vejamos o uso do PDCA: Planejamos nossas ações, executamos programas para mitigar o impacto das ações da empresa, avaliamos os resultados obtidos e procedemos as melhorias. De forma cíclica e contínua buscamos a excelência que, atualmente, pode ser definida como zerar a emissão de gases do efeito estufa, promover equidade de gênero, mitigar a pobreza etc. No futuro, quando esses objetivos forem atingidos (e espero que sejam!), a excelência pode estar em buscar a solução para outros problemas socio-ambientais.


Todo esse processo implica em uma mudança de cultura, em quebra de paradigmas. A máxima de pensar nas futuras gerações não se limita apenas aos seres humanos, devem ser consideradas, também, as futuras gerações da empresa.

E o maior desafio nesta forma de pensar surge quando o atual modelo de sustentabilidade corporativa traz para dentro da empresa problemas do ambiente externo e transfere para as organizações a "responsabilidade" de resolvê-los, tendo sido causados, ou não, por elas. E aí, falamos de "capitalismo dos stakeholders", "propósito da organização", e o tempo todo estamos chamando atenção para o fato de que "as organizações são parte integrante da sociedade e nasceram para servi-la". É muita mudança, não é?


Mas trabalhar a cultura de uma empresa, no sentido de alterá-la para um enfoque mais abrangente como é o caso da sustentabilidade, exige um esforço adicional. Principalmente se o propósito da organização é obter bons indicadores ESG pontuais de forma contínua.


De acordo com Dr. Stephanie Bertels, Lisa Papania e Daniel Papania, da Universidade Simon Fraser

... uma cultura de sustentabilidade é aquela em que os membros da organização possuem premissas e crenças compartilhadas sobre a importância de equilibrar eficiência econômica, equidade social e responsabilidade ambiental.


São necessárias práticas que: motivem os colaboradores a se envolverem; reforcem a importância da sustentabilidade para a organização; e apoiem e incentivem aqueles que estão se esforçando para incorporar a sustentabilidade. Bertels, Papania e Papania sugerem cinco categorias de práticas para manter os empregados focados no compromisso com a sustentabilidade: envolvimento; sinalização; comunicação; gestão de talentos; e reforço.

  • envolvimento: práticas informais a fim de elevar o nível de engajamento dos funcionários em toda a organização;

  • sinalização: servem para identificar a sustentabilidade como prioridade para a organização. As ações de uma organização enviam fortes mensagens sobre sua posição sobre sustentabilidade aos seus colaboradores;

  • comunicação: capacidade de comunicar tanto o valor da sustentabilidade quanto as mudanças de prioridades e expectativas de como o trabalho é feito;

  • gestão de talentos: como as decisões de recursos humanos apoiam a transição para a sustentabilidade? Gerenciar talentos envolve a contratação de pessoas com paixão, atitude e competência para lidar com questões ambientais e de sustentabilidade em seu trabalho diário, e colocar as pessoas certas nos papéis certos em toda a organização;

  • reforço: mostra a importância da sustentabilidade ou ações particulares que levem à sustentabilidade. As organizações devem reforçar constantemente a mensagem de sustentabilidade de várias maneiras para incorporá-la nos corações e mentes de todos os colaboradores.

Bhattachary, da Universidade de Pittisburg, sugere três fases na implantação de uma cultura orientada à sustentabilidade:

  • Incubar: um plano de sustentabilidade sólido, que comece pela equipe de liderança.

  • Lançamento: os líderes da empresa devem educar seus stakeholders sobre as conexões entre os objetivos de negócios e sustentabilidade, e fornecer-lhes as ferramentas necessárias para o sucesso. Mostrar aos stakeholders que a sustentabilidade é uma oportunidade de contribuir para o bem-estar futuro da empresa e do mundo.

  • Entrincheirar: tornar a sustentabilidade parte da rotina diária - algo que as pessoas simplesmente fazem.

Bem parece que oferecer "o que as empresas querem", significa muito mais do que apenas oferecer profissionais que tenham um know how em práticas sustentáveis.


Significa entender quais são as contribuições e as demandas dos stakeholders (e aqui incluo o meio ambiente) para o cumprimento das metas de sustentabilidade. É um processo de transformação que deve contar com o comprometimento de todos.


Assim como aconteceu com Nick Marshall, é preciso ir além, e:

escutar, aprender, e transformar o comportamento organizacional


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